Como experiências performativas imersivas em diferentes paisagens, climas e culturas, podem contribuir para mudanças paradigmáticas nos nossos modos de viver, habitar e pensar o mundo? Qual a dimensão política dessas ações estéticas? Como compartilhar a potência de experiências que surgem da relação entre corpo, paisagem, clima e tempo? Com estas perguntas e em busca de possíveis caminhos, entre dezembro de 2016 e novembro de 2017, a cidade de Montreal se tornou nosso território de pesquisa e criação, e a experiência de viver neste clima e paisagem um ato performativo. Partindo de um corpo em performance, imerso em um território específico, com um clima e uma paisagem nunca antes experienciados, nos lançamos na investigação sobre as contribuições da pesquisa performativa para as relações entre artes, ciências, tecnologia e mudanças climáticas. Como escrito por Tetsuro Watsuji (2009), “Clima e Paisagem são o momento de objetivação da subjetividade humana”. Para o pensador japonês, viver em um determinado clima e paisagem nos leva a criar utensílios, técnicas, tecnologias para driblar a ação destes em nosso corpo, mas é a partir do experienciar que nós, seres humanos, podemos descobrir a nós mesmos e criar modos de viver em sociedade. Algo que se faz urgente diante das crises e catástrofes que estamos atravessando.
Mapas Performativos
Mapas Performativos é um trabalho que investiga de forma poética, política e estética, como experiências performativas-imersivas em diferentes paisagens, climas e culturas, podem contribuir para ativar mudanças urgentes nos diferentes modos de habitar uma realidade de crises e catástrofes desencadeadas pelas mudanças climáticas. Realizado entre os meses de janeiro e março de 2017, durante o intenso inverno canadense, na ilha de Montreal, Mapas Performativos parte de um corpo-experiência. Um corpo-intensidade. Um corpo-intervenção. Um corpo que busca pela emergência de possíveis caminhos, questões, procedimentos e ações que, uma vez desdobradas em imagens, textos e criações,que consigam transformar, ainda que brevemente, nossas formas de perceber e fazer mundo.
Vídeo apresentado: Mostra Cuerpo y Imagénes Centro Cultural Paco Urondo Buenos Aires Argentina|2017 Museo Nacional de las Culturas del Mundo México City|México|2018.
Facing Gaia
Considerando os impactos das mudanças climáticas na sociedade contemporânea, e apostando que as artes, com sua capacidade de desenvolver novas ferramentas e estratégias, podem desestabilizar o pensamento humano convencional em relação à natureza e seus agentes não-humanos, Facing Gaia, é resultado de uma pesquisa performativa imersiva desenvolvida no Park Jarry em Montreal. Este trabalho propõe a discussão sobre as relações entre paisagem, ambiente e máquinas, intervenção humana e alterações climáticas.
Fotografia | Díptico - exibido na exposição “Art in the age of the Anthropocene” Kunst Gallery| | Yorshire | UK | 2018
Em Paisagens Transitórias, nossas ações visavam dobras entre a prática performática, processos metodológicos e as contribuições do campo da arte para as questões do Antropoceno, com foco nas mudanças climáticas. Neste projeto, o conceito de Território também se desdobra, propondo um diálogo entre o sentido de Território na geopolítica e seu uso no campo das artes. Território passa a ser concebido como um sistema dinâmico composto por tempo-temporalidade, espaço-espacialidade, formando assim um amplo conjunto de interações individuais, locais e globais. Territórios são corpos construídos pela interação entre humanos e não-humanos no manejo de recursos e processos naturais,bem como de processos sociais, políticos, subjetivos e sensoriais. Territórios são sistemas complexos constituídos de forma dialógica pelas três ecologias: meio ambiente, relações sociais e subjetividade, como apontado por Felíx Guattari.
Vídeo exibido no Laser Talks-Fortaleza | Curadoria Clarissa Ribeiro
Galeria de Artes- Universidade de Fortaleza - Fortaleza-UNIFOR
Fortaleza | Ceará | Brazil, 2019.
Inspirada pelos apontamentos de Isabelle Stengers em seu livro “No tempo das Catástrofes”, onde a filósofa reflete acerca do nosso sentimento de impotência frente às catástrofes provocadas pelas mudanças climáticas e seus consequentes impactos sociais, Intervir requer certa brevidade
Clique e saiba maisEm Fronteiras busca investigar e discutir poeticamente diferenças culturais e linguísticas entre territórios delimitados geográfica e politicamente, Portugal-Galícia|Português-galego
Clique e saiba maisEm Le trois Ecologies (1989), Félix Guattari, nos alertou que a verdadeira resposta à uma crise ecológica estaria diretamente relacionada a uma revolução política, social e cultural, e que esta deveria acontecer em escala planetária.
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